domingo, 28 de dezembro de 2008

Reflexão sobra a utilização das TIC no meu Agrupamento de Escolas

Às vezes questiono-me como é possível falar-se em Integração Curricular das TIC no 1º CEB e depois não reflectirmos sobre o que existe nas salas de aula onde desenvolvemos a nossa actividade.
No meu Agrupamento há 10 escolas do 1º CEB, para um total de 540 alunos, repartidos por 30 turmas que funcionam em 25 salas de aula.
Nem todas as escolas têm, assim, uma sala para cada turma (10 salas desdobram o horário), com as dificuldades inerentes a essa mesma divisão e ocupação havendo outras onde, em cada turma, se encontra mais de um ano lectivo, situação corrente neste Ciclo de Ensino.
Primeira constatação: o material informático utilizado pelo professor na sala de aula é o mesmo para as duas turmas que dividem o espaço. E esse material é pouquíssimo! Na maior parte dos casos, apenas um computador em cada sala de aula ligado a uma impressora, para turmas que têm um mínimo de 15 alunos e um máximo de 24.
Das 10 Escolas do meu Agrupamento apenas uma (com 6 turmas repartidas por 4 salas) tem rede sem fios, o que permite ter Internet em todas as salas de aula. Falar da instalação dessa rede é dizer que foi conseguida através da Associação de Pais, que pagou os materiais, e do empenho de um dos docentes que, utilizador das TIC, promoveu a sua compra e solicitou aos responsáveis autárquicos a instalação. Neste momento (interrupção de Natal) esperam que sejam instalados nas salas quadros interactivos, mais uma vez financiados pela Associação de Pais e pelas verbas que foram amealhando em sorteios e festas.
Apenas mais uma escola possui numa das salas um quadro interactivo, também comprado pela Associação de Pais há 2 anos. Nas restantes escolas, há 4 projectores de vídeo e um computador no mínimo por sala de aula. Apenas em outras tantas escolas há Net na sala de aulas, pois as ligações existentes situam-se na maior parte das escolas num espaço polivalente que serve de sala de professores. Falamos assim de um total de 12 turmas com computadores ligados à NET.
Falar da utilização das TIC é falar geralmente de processamento de texto por parte dos alunos mais “abelhudos” ou de algumas pesquisas na rede sobretudo nas escolas melhor apetrechadas.
Nos dois últimos anos foram enviados para as escolas pela autarquia alguns programas: O Corpo Humano, O professor Telescópio, a Diciopédia, etc. O suporte era o DVD. Acontece que nalgumas salas os equipamentos tinham só leitores de CD e era inviável a leitura de algum software. A sua utilização é rara e feita apenas por professores (poucos) que conhecem as potencialidades dos programas.
As avarias ficam longos tempos sem reparação e problemas de configuração de equipamentos para recepção de e-mail são resolvidos pela boa vontade de alguns colegas mais dedicados a estas questões. Imprimir grandes quantidades torna-se impossível pois o orçamento das escolas não comporta verbas que possibilitem a aquisição de muitos tinteiros.
Quando se fala do Plano Tecnológico e reparamos no pouco relevo dado ao 1º Ciclo rapidamente nos apercebemos que estamos longe de poder fazer uma Integração plena das TIC no Currículo pois só as boas vontades não chegam ainda que ajudem muito.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O Blog da EB1 do Faião

A Escola do 1º Ciclo do Faião pertence ao Agrupamento de Escolas Alto dos Moinhos, no Concelho de Sintra.
Situada numa localidade rural entre a Vila de Sintra e a praia da Ericeira, a escola tem duas salas de aula onde convivem duas turmas, cada uma com dois anos de escolaridade. É uma escola bem apetrechada em termos informáticos, muito “por culpa” dos Encarregados de Educação que através da Associação de Pais vão comprando o que os professores necessitam nesta área.
No ano lectivo anterior um dos alunos falou na sala de aula do 2º e 3º ano do espaço (página dizia) pessoal que tinha na Internet. Da fala ao computador foi apenas o tempo de digitar a morada e aí foi toda a gente visitar o “blog”. Sim, era um “blog” que ele tinha onde se podiam ver os seus cães, a sua casa e algumas das viagens que fazia com os pais. Logo na escola nasceu se manifestou o interesse em fazer assim uma página que desse a conhecer as actividades que por lá se faziam.
A professora viu aí o mote para criar um espaço que permitisse “a familiarização com as novas tecnologias de informação enquanto recursos de aplicação pedagógica” e “criação de experiências e partilha de ideias”, como se faz referência no espaço dedicado ao perfil (quem somos), servindo ao mesmo tempo como elemento de ligação entre a Escola e a Comunidade Escolar, convidada a comentar e dialogar através deste espaço, o que acontece nos comentários feitos aos trabalhos introduzidos, previamente consultados e só depois editados por razões de segurança.
A Assembleia de Turma decidia assim criar um espaço de divulgação para a turma que rapidamente passou a ser da outra sala também.
A primeira preocupação foi a de conceber o “blog”, já que a professora nunca se tinha aventurado nessas andanças. Aí surgiram os Pais do aluno que tinha um espaço virtual e ofereceram-se para o ajudar a construir dando-lhe como morada o endereço:
http://eb1faiao.blogspot.com.
Para o primeiro Ciclo do Ensino Básico encontram-se muito poucos recursos criados a partir de uma sala de aula, geridos por alunos, virados para o exterior e que possam ser utilizados numa perspectiva de aprendizagem à distância, pelo que, me pareceu adequado dar a conhecer este “blog” e fazer uma análise simples do mesmo de modo a que no terreno, uma vez que esta é uma turma que conheço, possa ajudar a melhorar o seu conteúdo.
Não é ainda um espaço que apele ao desenvolvimento de conteúdos em regime de e-learning, mas mostra já algumas potencialidades no desenvolvimento do trabalho à distância sobretudo naquilo que se pode chamar de “alfabetização informática”.
Os textos, as fotos e vídeos bem como os desenhos que alimentam o “blog” são da responsabilidade dos alunos, ainda que por vezes com a ajuda técnica de professores e pais. Muitos textos são trabalhos realizados na sala de aula sobre conteúdos tratados que depois são passados a computador e lançados no “blog”. As fotos são tiradas com a máquina digital da escola e algumas delas pelas mãos dos mais pequenos que se encarregam também (os mais velhos) de ajudar a fazer “scanner” dos desenhos e imagens que necessitam.
Alguns dos trabalhos aí colocados mostram os encontros tidos com os escritores e a pesquisa feita pelos alunos para esses eventos (podendo os mesmos servirem de consulta para outros) onde se dá conta do que eles escreveram, dos seus dados biográficos e outros dados de interesse.
Apresentando um “design” típico dos “blogs” construídos através de um grande servidor, há na barra do lado direito uma divisão onde são colocados os títulos dos “posts” inseridos:
Ligações de interesse: História do Dia, RTP Infantil...
Outras Escolas: do Agrupamento
Blogs amigos: de antigos alunos da Escola e familiares.
Para os Pais e Encarregados de Educação encontram-se ligações a páginas onde se fala das regras de Segurança para utilização da Internet,
A interacção com o “blog” é controlada pela professora e pais que o ajudam a construir de forma a evitar situações incómodas e não desejadas. As respostas são dadas pelos alunos às intervenções feitas.
Em resumo: a maior falha reside na fraca interacção dos participantes, muito devido às questões de segurança envolventes a estes meios de trabalho já que a faixa etária dos alunos se situa entre os 6 e os 9 anos o que obriga a cuidados especiais. A maior virtude estará no próprio “blog” e no que ele desencadeou durante o ano lectivo pois com o tempo, professora, pais e alunos foram-se apercebendo das potencialidades que tinham em mãos para desenvolver trabalho à distância.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Ironizando ao redor do Plano Tecnológico de Educação

Hoje pensa-se que com os computadores e estas coisas electrónicas e tecnológicas se aprende. Continuo a ensinar como aprendi: com o quadro, com o manual e com o caderno deles. Então para que preciso agora deste plano tecnológico que nos quer dar quadros que não usam giz e computadores em abundância ligados à Internet!?
Fui à Internet e li o Plano Tecnológico da Educação. Estava numa página agradável, com uma cor bonita e onde se encontram as coisas que se querem ler muito depressa. Uma delas não funcionou bem e deu erro, mas o Plano consegui lê-lo!
Fiquei logo com a sensação de que em vez de gastarem tanto dinheiro a equipar as escolas desta maneira deviam preocupar-se primeiro em colocar pessoal auxiliar, que não existe na quantidade suficiente para fazer funcionar a escola, comprar papel higiénico, sabonete e toalhetes para as casas de banho, mas também toner e papel para a fotocopiadora (também tem a ver com tecnologia, por isso podia ser contemplado).
Mas o aparecimento deste Plano leva a que os alunos possam ter uma avaliação electrónica escolar! Como será tal possível?! Fazer testes em computadores? Isso seria um apelo ao copianço descarado pois os alunos arranjariam sempre maneira de ir à Internet ou ao disco do computador buscar a resposta que lhes faltava no momento.
Outro aspecto negativo tem a ver com o lançar deste Plano apenas para o 2º/3º Ciclos e secundária deixando para trás o ciclo de entrada na escola que hoje até tem o “Magalhães” para oferecer aos mais pequenos e cujos professores são incentivados a utilizá-lo em sala de aula.
E há ainda aquela ideia de 1 quadro interactivo por cada 3 salas! Ainda bem! Sempre se fica com umas salas à moda antiga para poder trabalhar e também irão faltar quadros novos para os das modernices.
Do que li no sítio da Internet (sim porque para mim aquilo é um sítio e não um “site”) achei umas ideias interessantes, ou melhor, coisas positivas mesmo:
A primeira é a do cartão! Com ele controlam-se as entradas e as saídas, o dinheiro que os miúdos gastam mal gasto e deve-se sempre saber o que fizeram, o que é muito útil para nós todos. O cartão, em conjunto com a plataforma integrada de gestão escolar vai permitir aos Pais saberem as faltas e as notas dos filhos pois talvez assim, já que não aparecem para falar com o Director de Turma possam ficar a par do percurso dos alunos.
Outro aspecto interessante é o da vídeo-vigilância, mas nos corredores e talvez nalgumas salas com algumas turmas, para se poder ver o que fazem os alunos pelos corredores e em certas aulas onde se lhes dá mais liberdade pedagógica.
Positivo é também o portefólio digital, mas mais para eles que para os professores que não entendem bem os computadores, pois deixam de andar carregados com dossiers enormes cheios de folhas soltas.

Sobre Currículo

“Curriculum” é o étimo de currículo que, diz o autor do texto, em latim significa “pista de corrida”.
Partindo desta etimologia poderemos dizer que currículo era o caminho que o atleta percorria até atingir o seu objectivo final – a meta.
Que será então o currículo senão a definição da “pista” onde o aprendente se coloca e percorre para atingir o objectivo final por ele ou outros, determinado previamente.
Não se pode assim encontrar uma definição exacta de currículo, mas sim de uma multiplicidade dependendo do fim a atingir.
Se assumimos que na escola o currículo é definido pelo poder governamental que traça o “percurso” dos alunos de acordo com as suas ideologias e as necessidades socioeconómicas do país, outros currículos há que podem apenas depender da vontade de cada um em atingir uma meta final.
Hoje a escola continua a assentar num modelo que prepara para o mundo do trabalho, ainda que já nem tanto para a fábrica, modelo que se pode considerar em falência, mas se preocupa em preparar desde já para um mundo onde o emprego para a vida não é uma constante e a procura de novas ocupações se concretiza a cada passo, prevalecendo um modelo de currículo muito à moda de Bobbitt.
O poder é assim um dos “modeladores” do currículo, a par é certo com a vontade de cada um em querer atingir o seu objectivo final, o que origina muitas vezes uma discussão interna pois o currículo escolar colide com o currículo próprio de cada um. Claro que uma e outra forma obedecem à pergunta “o que devo eu saber quando acabar a escola ou quando me tornar alguém?”
Currículo é muito mais que um mero conjunto de aprendizagens que se julga necessárias. A intenção e a sequencialidade a par de um objectivo final.
Currículo é assim uma palavra de mil caras pois é através dele que nos transformamos e aprendemos (muitas vezes até o que não queremos ou mesmo aquilo que necessitamos independentemente do nosso centro de interesses). Assim, como refere Roldão (1999) “currículo é um conceito passível de múltiplas interpretações”.
Por vezes aprendemos até sem nos dar conta que seguimos um currículo por não o conhecermos formalmente. É o chamado currículo oculto, necessário no percurso que trilhamos e que é próprio da natureza humana.Com ele convivemos no dia-a-dia e permite-nos adquirir conhecimentos que muitas vezes pensamos não serem necessários à nossa evolução.